quinta-feira, 22 de outubro de 2009

CATARINA MACHADO - " Little Wing "







Little Wing
by Jimmy Hendrix

Well, she's walking through the clouds
with a circus mind
that's running round.
Butterflies and zebras and moonbeams
and fairy tales,
That's all she ever thinks about ...
Riding with the wind.
When I'm sad, she comes to me
with a thousand smiles.
She gives to me free.
It's alright, she said,
it's alright.
Take anything you want from me,
You can take anything, anything.
Fly on, little wingY
eah, yeah, yeah, little wing...

CATARINA MACHADO-"When..."-2009-acrílico sobre tela-60x60 cm


CATARINA MACHADO-"Riding with the wind"-2009-acrílico sobre tela-120x120 cm




CATARINA MACHADO-"...walking through the clouds"-2009-acrílico sobre tela-180x180 cm


CATARINA MACHADO-"...moonbeams and fairy tales"-2009-acrílico sobre tela-180x180 cm


CATARINA MACHADO-"...gives to me free"-2009-acrílico sobre tela-120x120 cm


CATARINA MACHADO-"Little Wing"-2009-acrílico sobre tela-120x180 cm (60x60cm cada)


CATARINA MACHADO-"Little Wing" "Fly on…"-2009-acrílico-sobre PVC em caixa de madeira-200x100x50cm (cada)


segunda-feira, 28 de setembro de 2009

GILBERTO COLAÇO- "Playing Juliet"


O interesse pelo objecto artístico levou Gilberto Colaço a querer quebrar com um hábito colectivo estereotipado das estruturas faciais e arquitectónicas e a gerar conceitos alternativos de “beleza”.

Explorar as potencialidades do retrato permitiu-lhe a apropriação das imagens como novos suportes. Desenvolve nelas, por conseguinte, uma certa impossibilidade no claro reconhecimento da identidade dos sujeitos representados. Estes são invadidos por uma vagueza enigmática que evoca uma intensidade silenciosa e uma amnésia visual. Na sua interacção com o espectador, estes sujeitos transmitem uma neutralidade fria e parecem desprovidos de interioridade.

Estas imagens surgem repletas de paradoxos estéticos estranhos. Elas exibem uma tensão desconcertante e intimidante entre uma agressividade quase grotesca e uma certa graciosidade.

Neste contexto de recriação, ainda que estruturados por elementos perceptivelmente conflituosos, podem-se sempre estabelecer comparações formais, conceptuais e metafóricas entre estas imagens e a realidade. Daí que, embora subsista uma certa inadequação com esta, permanece a capacidade de reconstrução e adaptação visual da parte do espectador.

Em Playing Juliet, Gilberto Colaço assume o papel de director de casting e propõe um conjunto de figurantes para incorporar a personagem de Julieta, a protagonista da tragédia de William Shakespeare que derrotou o tempo através da morte e se tornou imortal através da arte.

Vista geral da Exposição


Gilberto Colaço-Playing Juliet #4-2009-acrilico sobre papel-50x50 cm


Gilberto Colaço-Standard Act#1-2009-acrilico sobre papel-50x50cm


Gilberto Colaço-Playing Juliet #a #b-2009- materiais vários-medidas variávies


Gilberto Colaço-Playing Juliet#8-2009-acrílico sobre papel-50x50cm


Gilberto Colaço-Playing Juliet#7-2009-acrílico sobre papel-50x50cm


Gilberto Colaço-Playing Juliet#6-2009-acrílico sobre papel-50x50cm


Gilberto Colaço-Playing Juliet#5-2009-acrílico sobre papel-50x50cm


Gilberto Colaço-Playing Juliet #3-2009-acrílico sobre tela-200x200cm


Gilberto Colaço-Playing Juliet #2-2009-acrílico sobre tela-200x200 cm


Gilberto Colaço-Playing Juliet-2009-acrílico sobre tela-200x200 cm


Gilberto Colaço-Formal Act#1-2009-acrílico sobre papel-50x50cm


quarta-feira, 6 de maio de 2009

CATARINA LIRA PEREIRA - "You and me"


Numa tentativa de imortalizar alguns momentos, de reviver a presença das pessoas que mais admiro, que me inspiram ou influenciaram e de locais que me marcaram, reconstituo exaustivamente imagens que me trazem de volta aquela peculiar atmosfera nostálgica. Somos o que somos, resultado do nosso passado, que permanece e se manifesta mentalmente ao longo de representações nebulosas. Entre narrativas interrompidas e numa forte relação entre fotografia e a pintura, a partilha de um conteúdo autobiográfico e de um universo privado cria uma comunicação emocional com o espectador, que fica confrontado com todo um espírito de abertura, com um ambiente familiar e lúdico.Simular frustradas tentativas de visualização de imagens do passado resultou num jogo plástico entre revelação e ocultação, gerando uma profundidade ambígua. Dentro de um confronto e quebra entre tridimensionalidade e bidimensionalidade, os dois géneros fundem-se numa composição exuberante, dinâmica, aparentemente caótica, e ainda assim sustentada por uma disposição racional.Convido-vos a tomar parte desse complicado jogo, assimilando a ilusão de memória visual de momentos precisos da minha vida. Conduzidos ao longo de uma série de passagens e bifurcações, oscilando entre o todo e o pormenor, poderão completar mentalmente as imagens. É a percepção de toda esta complexidade pictórica que acaba por se tornar no ponto fulcral do processo do meu trabalho.You and me é o resultado de pequenos episódios passados na minha ligação com o Gabriel e o Gilberto Colaço. Uma homenagem a momentos extremos.

Catarina Lira Pereira- Waiting- acrílico sobre tela-200X200 cm-2009




Catarina Lira Pereira- Monday- acrílico sobre tela-90x90 cm-2009


Catarina Lira Pereira- Let's go- acrílico sobre tela-90x90 cm-2009


Catarina Lira Pereira- Last thought- acrílico sobre tela-200x200 cm-2009


Catarina Lira Pereira- Eat in Take Out- acrílico sobre tela-200x200cm-2009


Catarina Lira Pereira- Candle- acrílico sobre tela-90x90 cm-2008


Catarina Lira Pereira- Back- acrílico sobre tela-90x90 cm-2009


quinta-feira, 9 de abril de 2009

MÁRCIA LUÇAS - "babel"


opacos territórios entre transparências

Numa arquitectura de células-ideias, Márcia Luças, estrutura um trabalho sobre a informação, os códigos, os ruídos e as interferências… a partir de um seccionamento crítico e analítico de experiências quotidianas de comunicação ou de tentativas de passagem de informação.
Essa análise é materializada em diferentes ambientes criados em pequenas caixas, sendo cada um dedicado a uma ideia relacionável com trabalhos anteriores. Assim se reconhece o tema e a composição de tiny golden key, obra que é, de vários modos, chave: pela ligação que estabelece com as séries reversível e paraíso mais tarde; e, ainda, na medida em que proporciona o acesso à trama visual e à lógica estrutural que aqui nos convoca.
A transparência tem, sem dúvida, um papel fundamental, no sentido global da instalação, pela interacção visual que provoca entre os diferentes elementos de uma construção que se ergue irregular e assimétrica. As sobreposições de desenhos e colagens ou a interferência dos vários objectos (que compõem cada unidade da instalação) no trajecto de visualização uns dos outros conduzem a uma nova composição, uma re-figuração em que se mantêm visíveis cada uma das originais figurações mas se faz ver uma outra resultante da conjugação delas.
No registo interpretativo, a transparência proporciona deslocamentos e alterações sequenciais que arrastam ou induzem a circulação e integração de um determinado signo num outro contexto ou circunstância; deste modo, é sugerido ao observador uma reflexão sobre sua intervenção na construção de algo que se admite como ficção mas, também, sobre a sua intervenção na construção daquilo que admite como real e, enfim, sobre a interdependência dos dois níveis.
Pela mesma via e, ainda, pela relação entre leves opacidades, se compreende a razão da recuperação e persistência de objectos e imagens que Márcia Luças, inscreve, em babel, num novo campo de significações. São reincorporados em sequências temáticas no cruzamento das quais funcionam, simultaneamente, como termos de vários discursos que a verticalidade, a horizontalidade ou a obliquidade permitem apreender, segundo as diferentes direcções e sentidos percorridos. Encontramos a linha condutora dessas narrativas, aludida ou explicitamente indicada, de novo, através da interacção das caixas/ambientes com as pequenas telas que, por sua vez, também se apresentam expandidas como suporte e veículo expressivo, pela subversão na utilização das superfícies e pela habilitação plástica da grade e do espaço do reverso.
Por vezes, as sobreposições levam à subjugação de registos, recortes e desenhos parecendo competir até ao limite do negro que tudo poderia absorver. Contudo, aqui, o negro afirma-se não-silêncio, pleno de todas as reverberações. Tumulto em quietude, prenuncia-se chave de um outro código e, como metáfora, coordena-se com os efeitos de sombras criados pelas fontes de luz no interior de algumas caixas/ambientes.
A instalação que se expande, simultaneamente frágil e invasora, inclui uma perspectiva crítica que admite a possibilidade de uma outra montagem, de uma outra organização final, e pressupõe uma abertura permanente do sentido: as infindáveis relações de ordem possíveis pertencem ao observador.
No seu conjunto, a acumulação de imagens, signos e símbolos, e a implícita sugestão de caos, induz uma reflexão sobre graus de iconicidade, sobre as linguagens, sobre o que pode ser comum e partilhado. Utilizando uma estratégia que inclui a contradição - se analisa e isola um trecho de realidade também sobrepõe e confunde – Márcia Luças convida a um jogo combinatório que pode levar a uma interrogação sobre o que cada um faz emergir dessa constelação de informações ou sobre a relação objectivo-subjectivo, exigindo do observador a consciência de que qualquer relação forma/fundo, qualquer identificação de mensagem, está em permanente ajustamento e depende de uma hierarquização de pormenores cujo processo lhe cabe compreender.

Maria Leonor Barbosa Soares

Márcia Luças-tenho coração (tela reversível)-técnica mista sobre tela-30x30 cm-2009


Márcia Luças-esta é a chave (tela reversível)-técnica mista sobre tela-30x30 cm-2009


Márcia Luças-paixões-técnica mista sobre tela e caixa de acrílico de 18 cm de aresta-dimensões variáveis-2009


Márcia Luças-tiny golden key-técnica mista sobre tela-120x100 cm-2008


Márcia Luças-babelopolis-técnica mista sobre caixa de acrílco-2009


Márcia Luças-Sem Título-técnica mista sobre 19 caixas de acrílico de 18 cm de aresta tela-2009


Márcia Luças-Sem Título-técnica mista sobre 12 caixas de acrílico-2009


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Process
Hugo Paquete tem vindo a desenvolver uma pesquisa dentro dos novos media recorrendo a diferentes meios técnicos para desenvolver um conjunto de conceitos que passam por relações espaçais, objectuais e sonoras desmantelando os processos de percepção visual e auditiva, desdobrando o entendimento que temos da realidade linguística, espacial, e fenomenológica da sociedade dos média e a forma como nos manipula as noções de tempo e espaço. Seguindo estes princípios as pesquisas que tem vindo a desenvolver partem constantemente de uma base fenomenológica que pretende analisar, uma imagem, uma situação, um som, a recriação de uma experiencia de lugar e sua reconstrução com base na simulação, debruçando-se num conjunto de meios técnicos que permitam desconstruir a lógica destas experiencias pela utilização da tecnologia como simulacro da percepção e da existência. Existe desta forma uma abordagem racionalizante no desenvolvimento do trabalho que comporta o objectivo de fragmentar estruturas temporais na construção visual, sonora e perceptiva, fazendo com que um organograma conceptual seja o dispositivo construtor da lógica desfragmentada, não linear.
O conjunto de trabalhos aqui apresentados situam-se nas práticas processuais que o artista tem vindo a desenvolver sobre a percepção dos média e a sua manipulação recorrendo a diferentes meios técnicos como o vídeo, fotografia, som, instalação, desenho e objectos. O objecto de análise transforma-se em material, objecto de experimentação, existindo desta forma uma auto-reflexividade entre representação e representado um jogo de análise mútua. Estando algumas destas pesquisas aqui apresentadas enquadradas numa prática do desenho enquanto acção, intervenção espacial e dinamizador de tridimensionalidade, sendo estas obras elementos de documentação dos processos de análise e lógica construtiva do artista. O material apresentado nesta exposição caracteriza-se por experiencias visuais e sonoras tendo como referente fitas magnéticas que comportam milhares de imagens e sons provenientes de uma recolha de diferentes materiais audiovisuais, construindo desta forma uma desfragmentação da lógica narrativa implícita no material construtivo da obra e da sua função, efectuando um distanciamento narrativo transformando-se num elemento puramente objectual, encerrando um ciclo que fecha a representação numa lógica entre material, concretização visual, representação e representado, podendo-se observar este conceito nas obras apresentadas com o título: black magnetic tape (the anti-film project). Nestas obras existe um posicionamento conceptual que desconstrói a linearidade da narrativa cinematográfica deixando unicamente o material de suporte de registo dessa acção, abordando o material numa perspectiva em potência que nunca chega a ser concretizada sobre os parâmetros convencionais. É interessante referir que nesta abordagem o artista posiciona-se no limite da representação questionando a representação da figuração e a narrativa visual fechada proveniente da arte figurativa e utilizada nas lógicas do cinema, existe um debruçar conceptual sobre o valor da imagem, a sua apreensão e o seu valor iconográfico. Os dois trabalhos vídeo apresentados descrevem uma acção temporal na busca de uma representação visual definitiva que nunca acaba por acontecer ficando unicamente este espaço de acção, sendo ele mesmo uma concretização de um tempo de pesquisa visual. Um dos factores principais desta experimentação retêm-se na temporalidade da acção e na alteração da linearidade do tempo. Na edição do vídeo existe um momento em que a acção inverte a sua temporalidade conciliando com este factor dois momentos distintos na temporalidade, um tempo real e um outro simulado, elemento este que se encontra dissimulado, sendo dinamizador de conceitos provenientes da alteração perceptiva inerente à média. A imagem é a mais concreta possível para fundamentar-se como um elemento fora do exotismo das múltiplas narrativas interpretativas seja por contexto cultural ou estético. Estas obras vídeo como outros dos trabalhos apresentados pretendem um envolvimento reflexivo do receptor com a obra, necessitam da construção de um tempo do ver, sendo esta exigência um ponto de ruptura com a compreensão das propostas conceptuais deste artista porque os dados que nos são atribuídos para a leitura da obra comportam um racionalismo oculto e a objectividade das suas imagens corrompem os posicionamentos mais iconográficos da arte, este é o factor interessante na sua pesquisa, explorar a percepção enquanto experiencia flutuante que enquadra uma cultura social e visual com um conjunto de códigos psicológicos que o artista tende a reconfigura-los.
Como o Hugo Paquete menciona “da lógica partimos para o abstracto”.
Outra das obras apresentadas Drawing é um conjunto de descrições áudio de experiencias conceptuais abordando problemáticas da representação havendo neste conjunto de experiências um deslizamento que tende para uma abordagem do pensamento enquanto fenómeno descritivo e puro da acção artística, uma representatividade concreta construindo desta forma um espaço menos exótico e impermeável das múltiplas interpretações. Tendo sido esta pesquisa desenvolvida e gravada em tempo real sem recurso a nenhum texto, é fundamentalmente um registo concreto do vaguear deambulatório da construção conceptual e visual de uma experiência relacionada com o acto específico da representação. Estando nesta pesquisa também muito presente o factor tempo relativo a reflexão efectuada tempo esse que nos projecta para uma universo de imagens e para o interior de uma mecânica de pensamento e intervenção sobre a realidade. Reflectindo todo o universo da construção das imagens e seus processos.
A obra de Hugo Paquete está repleta de um nível de ocultamento e estratégias de revelação onde o tempo é essencial para a percepção de um todo visual que foi sendo submetido conceptualmente a um desmantelamento nivelador em busca dos limites da representação. Nos limites de uma objectividade conceptual. Em suma as suas pesquisas e o seu posicionamento na arte recortam o estabelecido deixando um espaço onde a lógica constrói limites e tenções baseadas numa metodologia delicada de simulações, recriações, desacelerações, reflectindo sobre os limites da arte e da vida e a forma como percepcionamos o mundo e nos esvaziamos sobre suas premissas.

HUGO PAQUETE-"Process"